Clodoaldo Lima, 33 anos, gerente de uma empresa de coleta de resíduos em Sarandi, teve o carro apreendido em uma blitz e decidiu desabafar no Facebook. Em um texto de quatro linhas, ele avaliou que houve "falta de bom senso" do soldado que comandou a operação, "abuso de autoridade" e sugeriu que os policiais fossem atrás de bandidos em vez de "ferrar trabalhadores". Ontem, dia seguinte à publicação, ele recebeu voz de prisão e saiu algemado do local de trabalho.
"Acho que não ofendi ninguém. O País é livre, eu fiz um desabafo como cidadão. Posso ter expressado isso mal, mas acho que blitz à tarde acaba pegando mais pai de família que bandido", disse a O Diário, após sair da delegacia. "Se o policial vê que o seu pneu está careca poderia mandar trocar e comparecer no dia seguinte. Do jeito que está a economia, não é todo mundo que anda com tudo em dia."O comentário que resultou na prisão foi feito por Lima na página Sarandi Online, do Facebook, que conta com 3,8 mil seguidores. A publicação informava que, no dia anterior, uma blitz havia apreendido dois carros e duas motos na Avenida João Marangoni. Lima foi o primeiro a comentar, horas após a publicação. Ontem, um perfil em nome de Marcelo Frank Siqueira, policial militar de Sarandi, informou a prisão do gerente, no mesmo campo de comentários, acrescentando que a PM estava em busca de identificar os autores de outros comentários.
Lima disse que, na manhã de ontem, estava no escritório da empresa quando dois policiais chegaram perguntando por ele. Assim que se identificou, ele teve as mãos algemadas nas costas, foi levado à rua e colocado no porta-malas da viatura. A cena foi presenciada por colegas de trabalho. "Só fui saber do que se tratava na Delegacia de Polícia", disse.
Segundo o delegado de Sarandi, Reginaldo Caetano da Silva, Lima assinou um Termo Circunstanciado pela suspeita de calúnia e foi liberado. "Ele confirma ser o autor da publicação, disse que se acha no direito. Afinal, hoje a sociedade é livre, as pessoas falam o que pensam, ainda bem."
O delegado afirmou que Lima não estava algemado quando foi ouvido, e evitou julgar a ação dos militares. "A circunstância é que determina o uso da algema. Não sei se essa circunstância ocorreu."
Resposta
Porta-voz do 4º Batalhão de Polícia Militar em Maringá, o tenente Cláudio Rocha afirmou que a ação dos policiais foi adequada para a situação. "Ele (Lima) citou o nome do policial em uma rede social. Neste caso, ele excedeu o direito da livre manifestação para ofender um policial militar. Por isto que quando foi devidamente identificado, ele acabou encaminhado para a delegacia. Se ele alegar que houve alguma situação de abuso por parte dos policiais, isso certamente será apurado", diz.
Ainda de acordo com Rocha, a prisão ocorreu para atender uma reclamação do policial que se sentiu ofendido. "O policial ofendido expressou o desejo de que ele fosse detido", disse Rocha. O nome dos policiais que participaram da prisão não foram divulgados.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Maringá, Fúlvio Luís Stadler Kaipers, a prisão de Lima foi "abusiva e arbitrária". "O policial não pode determinar a prisão por uma situação dessas, de calúnia. Ele deveria recorrer à Justiça, para que o suspeito fosse intimado. Deveria abrir uma queixa-crime e não humilhar a pessoa em seu local de trabalho", diz.
Segundo Kaipers, a OAB ainda vai estudar se pode tomar alguma medida sobre a prisão do gerente. "Quando a sociedade começa a incentivar a certas atitudes dos policiais, como a truculência, isso acaba caindo no cidadão de bem."
Porta-voz do 4º Batalhão de Polícia Militar em Maringá, o tenente Cláudio Rocha afirmou que a ação dos policiais foi adequada para a situação. "Ele (Lima) citou o nome do policial em uma rede social. Neste caso, ele excedeu o direito da livre manifestação para ofender um policial militar. Por isto que quando foi devidamente identificado, ele acabou encaminhado para a delegacia. Se ele alegar que houve alguma situação de abuso por parte dos policiais, isso certamente será apurado", diz.
Ainda de acordo com Rocha, a prisão ocorreu para atender uma reclamação do policial que se sentiu ofendido. "O policial ofendido expressou o desejo de que ele fosse detido", disse Rocha. O nome dos policiais que participaram da prisão não foram divulgados.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Maringá, Fúlvio Luís Stadler Kaipers, a prisão de Lima foi "abusiva e arbitrária". "O policial não pode determinar a prisão por uma situação dessas, de calúnia. Ele deveria recorrer à Justiça, para que o suspeito fosse intimado. Deveria abrir uma queixa-crime e não humilhar a pessoa em seu local de trabalho", diz.
Segundo Kaipers, a OAB ainda vai estudar se pode tomar alguma medida sobre a prisão do gerente. "Quando a sociedade começa a incentivar a certas atitudes dos policiais, como a truculência, isso acaba caindo no cidadão de bem."
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